[BF:SAGA] CLUBE ATLÉTICO MINEIRO

Eu não sei nem o que falar para vocês. Foi um dos momentos mais alegres para qualquer atleticano. Esperamos quarenta e quatro anos por isso, fomos zoados de todas as maneiras possíveis e, em várias oportunidades, ficamos apenas com o vice. Poderíamos ter, em qualquer momento de nossa história, desistido. Poderíamos ter mudado de nome, igual nosso rival e começado uma nova história. Poderíamos ter feito muitas coisas. No entanto, nada fizemos. Continuamos uma batalha, ano após ano, na esperança de que um dia este título chegaria. Fracassamos na década de 90 em várias oportunidades, quando ainda era mata-mata. Chegávamos na final e, na hora de concretizar o título, perdíamos. Em 2005, a desgraça maior. Fomos obrigados a jogar a série B no ano seguinte, no primeiro (e único) rebaixamento do clube na história. Uma vergonha eterna. Em 2012, as coisas começaram a se organizar. A “era do Ronaldinho”. Ficamos em segundo lugar (o vice, de novo) no Brasileirão, enquanto o Fluminense foi campeão. No ano seguinte, a Libertadores e a Recopa vieram. Posteriormente, a Copa do Brasil. E, em 2015, após uma eliminação na Copa do Brasil frente a fraca equipe do ABC e após o vice lugar no Estadual, cá estamos nós, erguendo um troféu.

Por que tem que ser tão sofrível para nós? Por que, meu Senhor? Chegamos ao último jogo podendo perder o título para o Internacional, que estava dois pontos atrás e, até o segundo tempo, estávamos perdendo. Eles venciam, chegavam aos 70 pontos, e nós perdíamos, enquanto ficávamos nos 69 pontos. Porém, como na Libertadores de 2013 e na Copa do Brasil de 2014, fomos buscar o resultado nos minutos finais. Conseguimos a virada sobre o Avaí, aqui dentro do Horto, para um público de mais de 37 mil pessoas. Foi o ápice do campeonato. Sinceramente, não sei como esse estádio não veio a baixo. Era torcedor chorando, jogador chorando, dirigente chorando. Era todo mundo chorando. O título, depois de 44 anos, chegou. Demorou, mas chegou.

Classificação final:

Lucas Pratto, desde o Estadual, vinha sendo o grande destaque do time. Não era o melhor jogador, longe disso, mas era o mais eficiente. Se a bola sobrasse para ele, em qualquer lugar da grande área, era um perigo para os adversários. Não foi o artilheiro do estadual, uma vez que Leandro Damião fez um gol a mais.[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Não foi o artilheiro da Copa do Brasil, uma vez que caiu nas quartas de finais. Não foi o artilheiro do Brasileirão, uma vez que Pato foi monstruoso (este que, a partir de agora, interessa ao nosso Galo). Contudo, foi o nosso artilheiro. Foi o nosso matador. Se fossemos citar o melhor jogador, falaríamos de Maicossuel, o grande craque do time. Mas precisamos citar o destaque e, pela primeira vez, um argentino consegue fazer isso na história do Galo. Lucas Pratto era o nove que o Galo precisava. Tardelli saiu, nós fez questionar o futuro do sistema ofensivo do time, mas Pratto resolveu este problema. Caiu como uma luva no esquema de Levir Culpi e, provavelmente, nos próximos três anos restantes do contrato, ainda nos dará muita alegria. Pode não ser o melhor, mas o “Urso” nos conquistou. Ele é o Hermano mais mineiro do mundo. Na próxima temporada, seu rendimento talvez fique até um pouco melhor, uma vez que o time tenderá a se dedicar mais à ele, já que nesta temporada ele chamou um pouco a responsabilidade. A torcida está satisfeita com o jogador e sua camisa, com o nickname Urso, já se tornou a mais vendida da temporada. Nos vamos tentar fazer um marketing um pouco mais centrado nele, para que, com isto, o jogador se sinta mais importante e, consequentemente, mais feliz e dedicado dentro do campo.

A seleção do campeonato não fugiu muito da realidade da competição. O sistema defensivo, por pouco, não foi composto só por jogadores nosso. Tudo bem, fomos um bom time em todos os quesitos, mas o sistema defensivo foi monstruoso. Raramente tomávamos muitos gols, raramente éramos surpreendidos. Leonardo Silva e Jemerson, nossa dupla de zaga, compõe os dois melhores zagueiros da competição. E, com todo o respeito, é mais do que justo. Não entenda como arrogância, mas os caras foram geniais. Pareciam jogar a anos juntos, pareciam ser uma dupla que se entendia sem ao menos um precisar falar com o outro. Interessante, não? [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]E sabe o que é mais legal? Um tem 19 anos e o outro 35. A diferença é enorme, os pensamentos são extremamente diferentes e os objetivos também. Enquanto um pensa em se firmar no futebol, garantir cada vez mais seu nome na história do Galo e almejar, quem sabe, um dia, a seleção, o outro pensa em aposentar. Leonardo Silva disputou sua última temporada como profissional, vai se aposentar. A braçadeira que o mesmo detinha foi responsável por erguer o troféu do Brasileirão e, para sempre, a torcida será grata com ele.  Não só pelo Brasileirão, mas por aquele gol na final da Libertadores em 2013. O outro nome na lista foi Pedro Botelho, nosso lateral esquerdo. E, sinceramente, que contratação genial foi essa, hein?! O garoto apoia demais, defende demais e faz com que tudo pareça fácil. Foi campeão da Copa América jogando de titular, é mole? Conseguiu o prêmio de melhor lateral esquerda da competição, está cotado para inúmeros times da Europa (nem todos grandes, vamos ser sinceros) e ainda terá mais quatro anos no Atlético MG. Parece que o futuro do Galo será interessante, não?

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A torcida do Galo, por si só, já é louca. A doença se chama Galoucura. E, neste exato momento, todos estão em período terminal. A loucura tomou conta de Belo Horizonte, o centro da cidade foi tomado por cerca de 110 mil torcedores e a mascara da morte voltou. Na Libertadores, não tivemos muita sorte com ela, mas no Brasileirão, ou pelo menos na reta final, tivemos. Ninguém realmente sabe o que estava acontecendo ali, inúmeros estavam simplesmente loucos, bêbados ou extremamente eufóricos pela conquista. Você conseguia ver de tudo. Era mulher, era homem, era velho, era criança, era negro, era branco. Não importa, era um mar de gente vestida de preto e branco, com faixas e bandeiras para tudo quanto é lado, gritando música de tudo quanto é momento da equipe e, acima de tudo, zoando o Cruzeiro. Se tinha algum cruzeirense nos arredores do centro, ele preferiu estar morto hoje. O som que saia daquela parte da cidade era fora de série, provavelmente extrapolou todas as leis sonoras. Que loucura, né?  No decorrer da festa, os jogadores foram chegando, o trio elétrico do Galo chegou e o troféu foi apresentado a torcida. O momento de êxtase foi imenso, o povo perdeu a noção.  Contudo, meu amigo, eu não julgo. Afinal, foram 44 anos de espera, né? Deixa que a galoucura te contamine também.

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